quinta-feira, 27 de maio de 2010

Um Estudo Sobre o Fogo

     Sou criatura solar, devoto deste deus antigo que tem muito nomes, que nos dias claros me fortalece e transmuta – Homem-Pássaro lançado ao céu querendo ganhar o mundo – iluminando os caminhos, rompendo o futuro agora, não temo a morte. Pois trago o fogo comigo, incrustado em meu coração, fornalha que bate tumtum, no ritmo acelerado do meu tempo, destroçando máquinas, engrenagens e sistemas, buscando o incompreensível – a língua primordial. Mas, nos dias nublados, sou Ícaro caído por terra, não por estar muito próximo, mas por estar longe D’ele, e me vejo errando na noite, eu que fujo da escuridão, o anti-vampiro, pálido e sem vida. Pois sou feito do calor desta chama, e só este bem posso te oferecer: se o aceita de bom grado, aninha-se em meus braços, te apertarei forte, e não sentirá frio, nem medo, e congelarei este instante com todo o fogo que é meu desejo.

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